Salt,
the whole dried body of the fish open.
It’s in the center of the drawing
it undulates, slightly, the paper
gives off the scent, yet of the sea, the sand, the sun.
Corredor Norte (North Corridor) is the title of this exhibition and, of one of two works that may not
be exhibited, but exist.
They are two chromatic readings, departing from a fresco by Fra Angelico on one of the walls of the north corridor, cell 3 of the Convent of San Marco, in Florence.
Also, the place I live in has my workspace to the north, and this gallery is even further north.
Hence, I accepted this name.
Vaga is a measurement. It measures the space and exposes itself. It is, also, an empty container that, at times, fills up with a lot, or a little visitors. They are at the center of the drawing and complete it.
Like the fish, but alive.
It extends to the limits of the visitor’s body and the usual movements of those who work there.
And, so, it will always be because its construction allows for it, even if in another place, never bigger.
This drawing is loose from another that, about fifteen years, partially measured a dirt path, in the old garden of a large house in a southern town.
On this journey, it lost thickness, changed the quality of the material, gained fragility, opens up into a closed space, becomes tenser.
Water,
a cloth wet and stretched along the windowsill of the studio, where it dried and took shape
and, finally,
another of a river board,
where certain elements, puerilely, are balanced.
And, at the end of the text, I remember the nests of the mud wasp, which I found on the margins of a salt pan.
Sal,
todo o corpo seco do peixe aberto.
Está no centro do desenho
ondula, ligeiramente, o papel
liberta cheiro, ainda do mar, da areia, do sol.
Corredor Norte, é o nome desta exposição e, o de uma de duas obras que, talvez não sejam
expostas, mas que existem.
São duas leituras cromáticas, a partir de um fresco de Fra Angelico presente numa das paredes do corredor norte, cela 3 do Convento de São Marcos, em Florença.
Também, o lugar que habito tem a norte o meu espaço de trabalho e, esta galeria, ainda mais a norte fica.
Assim, aceitei este nome.
Vaga, é uma medida. Mede o espaço e expõe-se. É, também, um contentor vazio que, às vezes, se enche muito, ou pouco de visitantes. São eles que estão no centro do desenho e o completam .
Como o peixe, mas vivos.
Estende-se até aos limites do corpo da visita e dos movimentos usuais de quem aí trabalha.
E, assim, será sempre porque a sua construção o permite, mesmo que em outro lugar, nunca maior.
Este desenho solta-se de um outro que, há cerca de quinze anos, mediu, parcialmente, um caminho de terra batida, no velho jardim de uma grande casa de uma cidade do sul .
Nesta viagem, perdeu espessura, mudou a qualidade da matéria, ganhou fragilidade, abre-se num espaço fechado, torna-se mais tenso.
Água,
um pano molhado e distendido sobre o beiral da janela do atelier, onde secou e tomou a forma
e, finalmente,
outra de uma tábua rio,
onde certos elementos, puerilmente, se equilibram.
E, no fim do texto, lembro-me dos ninhos da vespa do lodo, que encontrei nas margens de uma salina.
Armanda Duarte, Janeiro de 2024
Armanda Duarte, Vaga, 2024. Balsa wood. 88 x 944 x 536 cm. Unique
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Armanda Duarte, Vaga, 2024. Balsa wood. 88 x 944 x 536 cm. Unique
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Armanda Duarte, Vaga, 2024.
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Armanda Duarte, Vaga, 2024.
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Armanda Duarte, corredor norte, cela 3, 2019-2023. Balsa wood, colour pencil, goat skin, copper wire. 90cmx ø 0,5cm. Unique
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Armanda Duarte, corredor norte, cela 3, 2019-2023.
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Armanda Duarte, Água, 2022-2024. Fragment of cotton underware. 7 x 40 x 8,5/7,5 cm.
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Armanda Duarte, Sal, 2023. Graphite and paper. 50 x 35 cm.
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Armanda Duarte, outra de uma tábua rio, 2024. Mdf shelf, metal element with two thicknesses and three stones that hold it in balance. 90/83,5 x 15 x 0,8 cm
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Armanda Duarte, outra de uma tábua rio, 2024.
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Armanda Duarte, outra de uma tábua rio, 2024.
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BIO
Armanda Duarte (Praia do Ribatejo, 1961), studied at the Faculty of Fine Arts, in Lisbon, where she lives and works.
Armanda Duarte’s work is site-specific to such a degree that her proposals are actually determined by her observation and analysis of each given space. She observes the characteristics and details of each context in search of the essence which will lead the process of creation up to the work’s final reception. Her spatial poetics, which involve drawing, sculpture, installation and architecture, provoke subtle and intimate experiences.
Armanda’s stripped down, austere and delicate stagings result from the manipulation and composition of everyday objects such as stones, cutlery or tin can lids according to precise objectives such as measurement, balancing and replication. In her work, objects and simple gestures are subjected to almost scientific processes of repetition and systematisation that imply their conceptualisation, the definition of research criteria, and the normalisation of rigorous collection and editing procedures. Armanda Duarte’s intense activity ultimately leads to an apparently unproductive, mute, discreet, at times almost imperceptible or even microscopic result.
She has presented her work regularly, in both solo and group exhibitions, since the 1980’s. Recent solo and group exhibitions include: Zonas de Transição – Obras da Coleção da Fundação PLMJ, curated by João Silvério, at Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, Lisbon, 2023; Fantasma Gaiata – a Coleção da CGD, curated by Bruno Marchand, Culturgest, Lisbon, 2023; Espaço para o corpo. Works from the Serralves Collection. Galeria Municipal de Barcelos, Barcelos ; Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes, PT#Slow #Stop #Think #Move, Território#2, curated by Ana Anacleto, Fidelidade Arte, Lisbon, 2023; Dark Safari, Colecção CACE, curated by Sara e André and Manuel João Vieira, Museu de Vila Nova de Foz Côa, 2023; Les Peninsules Démarrées, Bordeaux, France, curated by Anne Bonnin, 2022; Silvo, LandArt Cascais, Quinta do Pisão, Cascais, curated by Luísa Soares de Oliveira, 2022; Space for the body. Works from the Serralves Collection, C.M.de Cultura de Ponta Delgada, 2022; Tout ce que je veux. Artistes portugaises de 1900 à 2020, Tours, France, 2022; Minguante (with Fernando Calhau), Uppercut, Lisbon, 2022; Comunidade, curated by Catarina Real, Plataforma Revólver, Lisbon, 2021; Tudo o que eu quero, curated by Helena de Freitas and Bruno Marchand, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon, 2021; and Um lugar desenhado pela passagem do corpo, with Elisa Montessori, curated by João Silvério, Monitor, Lisbon, 2019-2020. Abafador, Sismógrafo, Porto, 2019.
Her work is included among others, in the Caixa Geral de Depósitos (CGD) Art Collection, EDP Foundation Art Collection, PLMJ Foundation Collection, Lisbon City Council Collection, State Contemporary Art Collection (CACE), FLAD Collection, Ivo Martins Collection, among other private collections.
BIO
Armanda Duarte (Praia do Ribatejo, 1961), estudou na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, cidade onde vive e trabalha.
Em 1996 e 2006 recebeu apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e, em 2001, da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
A especificidade do lugar é de tal forma determinante no trabalho de Armanda Duarte que as suas propostas artísticas são realizadas em função da sua observação e análise. A artista observa as características e detalhes de cada um desses contextos para encontrar a essência a partir da qual conduzirá o processo de criação até ao momento de recepção da obra. A sua poética espacial integra o desenho, a escultura, a instalação e a arquitetura, provocando experiências subtis e intimistas.
Armanda produz encenações despojadas, austeras e delicadas, que resultam de ações de manipulação e composição de objetos quotidianos como pedras, talheres ou tampas de latas de conserva, de acordo com objetivos precisos como medir, equilibrar, replicar. No seu trabalho, objetos e gestos simples são sujeitos a processos repetitivos e sistemáticos, quase científicos, que implicam a conceptualização da ação, a definição de critérios de pesquisa, a normalização de procedimentos de recolha e a edição rigorosa. O intenso labor de Armanda Duarte apresenta um resultado aparentemente im- produtivo, silencioso, discreto, por vezes quase impercetível ou mesmo microscópico.
Expõe, com regularidade, individual e colectivamente, desde finais dos anos 80. De entre as exposições mais recentes, destacam-se: Zonas de Transição – Obras da Coleção da Fundação PLMJ, curadoria de João Silvério, no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, Lisboa, 2023; Fantasma Gaiata – a Coleção da CGD, curadoria de Bruno Marchand, Culturgest, Lisboa, 2023; Espaço para o corpo. Obras da Coleção de Serralves. Galeria Municipal de Barcelos, Barcelos ; Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes, PT#Slow #Stop #Think #Move, Território#2, curadoria de Ana Anacleto, Fidelidade Arte, Lisboa, 2023; Dark Safari, Colecção CACE, curadoria de Sara e André e Manuel João Vieira, Museu de Vila Nova de Foz Côa, 2023; Les Peninsules Démarrées, Bordéus, França, curadoria de Anne Bonnin, 2022; Silvo, LandArt Cascais, Quinta do Pisão, Cascais, curadoria de Luísa Soares de Oliveira, 2022; Espaço para o corpo. Obras da Coleção de Serralves, C.M.de Cultura de Ponta Delgada, 2022; Tout ce que je veux. Artistes portugaises de 1900 à 2020, Tours, França, 2022; Minguante (com Fernando Calhau), Uppercut, Lisboa, 2022; Comunidade, curadoria de Catarina Real, Plataforma Revólver, Lisboa, 2021; Tudo o que eu quero, curadoria de Helena de Freitas e Bruno Marchand, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2021; e Um lugar desenhado pela passagem do corpo, com Elisa Montessori, curadoria de João Silvério, Monitor, Lisboa, 2019-2020. Abafador, Sismógrafo, Porto, 2019.
O seu trabalho está presente, entre outras, na Coleção de Arte da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Coleção de Arte Fundação EDP, Coleção Fundação PLMJ, Coleção da Câmara Municipal de Lisboa, Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), Coleção FLAD, Coleção Ivo Martins, entre outras coleções privadas.